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entressonho - dentro de algum lugar no corpo, 2024

Dentro de algum lugar no corpo — esse corpo afetado, atravessado, em pé, deitado, caminhando no fora (que é também dentro) — pulsa uma realidade partilhada. Um cotidiano que, como escreveu o poeta, é "nítido", mas ao mesmo tempo emaranhado.

As imagens também nascem no entre, nas frestas. Acontecimentos internos que brotam silenciosamente, até emergirem, espalhando-se em gestos, em ruídos. Na vertigem do gesto devolvemos ao fora, aquilo que o fora gerou dentro de nós, através da imaginação, devaneios, sensações, sonhos dormido e acordados.
A imaginação faz jorrar.
Brotando, crescente, através do corpo-ponte que habita e é habitado por mundos, atmosferas, tempos.

O que sonha em nós os nossos sonhos?
- uma pergunta que não cessa -

Ainda insisto no sonho. Na imaginação.
No de dentro que também é fora, que também é dentro.
Insisto porque há, nesse gesto de imaginar, uma força — não de evasão, mas de criação. Uma força capaz de atravessar (e quem sabe ultrapassar) os desastres do mundo.

Ailton Krenak fala do "sonho da terra" — uma outra escuta, uma outra temporalidade, em que a vida não se mede por produção ou desempenho, mas pela possibilidade de sentir.
Gaston Bachelard, lembra que o imaginário não é fuga, mas fundação. Não é o irreal, mas o campo onde o real ganha novas formas, mais profundas, mais sensíveis, mais vivas. “Sonhar é esquecer o mundo imediato”, ele escreve — mas não para abandoná-lo, e sim para reimaginá-lo.

É esse mundo outro que sigo perguntando com o corpo.
Imaginando, sonhando, devaneando, delirando, respirando com todo o corpo.
Porque o mundo do mauvivercapitalistaviolento — esse que tenta nos separar da terra, dos nossos sentidos, dos sonhos, do outro, do imaginar — é um mundo esvaziado. Um mundo que seca os olhos, a vida, os gestos.
E talvez imaginar — com o corpo, com o sonho, com a poesia —
seja um jeito de insistir.

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©Virgínia Di Lauro

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