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Interferências fotográficas | 2015 - 2017

Até 2014, meus experimentos com a imagem fotográfica caminhavam pelo digital. Utilizava fragmentos de pinturas que me interessavam expandir e incorporar a outros meios. Havia, naquele momento, uma insegurança no meu processo — próprio de um começo de aprendizado e entendimento sobre o que eu estava produzindo — que acabou se tornando um prelúdio para experimentações manuais. Essas experimentações buscavam dialogar com os desdobramentos em pintura, desenho, o fotografar, o registrar, o filmar, o ato, o corpo.

Comecei pelos cadernos da desorganização e, em seguida, passei a experimentar impressões em papéis que permitissem o estrago, a transmutação, o erro — e, com isso, a criação de aproximações, de aprendizados, de apropriações. Buscava maneiras possíveis de criar imagens a partir dos limites da matéria: tanto pelas limitações financeiras, quanto pelo desejo de utilizar ferramentas simples, restos, materiais do cotidiano — aquilo que está ao redor.

Penso as interferências como possibilidades de recriar o ato fotográfico. Descobrir atmosferas a partir da imagem anterior. Abrir uma fenda. Errar a imagem. Fazer curva. Penso em imagens erráticas, insurgentes, aparições que se rebelam desde o primeiro gesto. Contaminar, rasurar, quebrar, arranhar, queimar, rasgar, errar, amassar, alisar, encher de ruído. Transmutar, transfigurar, fazer o encontro de um material com outro. Escutar o que surge — o que se revela na intenção ou na intuição, e que se transforma no trajeto do fazer.

O trabalho com interferência é contínuo — como os outros meios dos quais me aproprio para os desdobramentos poéticos. Ele está sempre se descobrindo na presença, no envolvimento, no gesto atento. As formas e possibilidades se expandem na experimentação constante.

Acredito que, até 2017, minha relação com a interferência foi a construção de um percurso — a afirmação desse envolvimento, dessa relação que perdura. Até hoje, em 2024, enquanto escrevo isso e toco a memória viva desse encontro, percebo: a interferência foi — e é — o meio, dentro da fotografia, que firmou meu passo no processo do desejo de criar imagens. Imagens que atravessam, afetam e compõem todo o corpo de trabalho que venho construindo: poeticamente, em cada meio, técnica, linguagem e suporte.

Esta seleção de interferências realizadas entre 2015 e 2017 é composta por séries, sequências e imagens solitárias.

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©Virgínia Di Lauro

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